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Foto do escritorFelipe Caltabiano

Lei da Agrofloresta #5: ESQUEÇA SUSTENTABILIDADE. ENRIQUEÇA SEU SISTEMA

Atualizado: 28 de ago. de 2020




Sustentabilidade me embrulha o estômago. Não é que eu não aprecie o fato de que devemos buscar práticas agrícolas que mantenham o equilíbrio da natureza. É que para este equilíbrio não basta sustentar, é necessário enriquecer.

Me surpreendi ao procurar no dicionário o antônimo para degradação e encontrar: preservação, conservação. Nassim Taleb, em seu livro Antifrágil, explica como em diversas situações reconhecemos apenas uma qualidade extrema e uma qualidade neutra, mas não a qualidade extrema oposta. A minha busca pelo antônimo de degradação mostra exatamente isso: reconhecemos como oposto de degradação ambiental a preservação, ou seja, a manutenção de um estado, algo neutro e constante, mas precisamos reconhecer o extremo oposto: o enriquecimento ambiental. Degradação denota uma mudança para um estado mais pobre. Preservação e conservação denotam algo estático e neutro. Portanto, o oposto de degradação necessita ser uma mudança para melhor, para um estado mais rico.

A natureza trabalha em ciclos, que podem ser ciclos de degradação ou de enriquecimento. Uma roça em ciclo de degradação necessita cada vez mais adubos, mais agrotóxicos, mais investimento. Uma roça em um ciclo de enriquecimento necessita cada vez menos adubos, menos trabalho, menos investimento.

Em um ciclo de degradação, cada ação (ou falta de ação) ou fenômeno gera perdas no sistema. Um solo descoberto gera erosão, que gera menos capacidade do solo de sustentar plantas, que em torno gera menos produção de matéria orgânica, menos cobertura de solo, e mais erosão. E assim o ciclo de degradação se fecha e continua se retroalimentando.

Em um ciclo de enriquecimento, cada ação (ou falta de ação) ou fenômeno gera o enriquecimento do sistema. Um solo bem coberto com plantas e matéria orgânica absorve mais água, tem mais nutrientes disponíveis, é capaz de sustentar e nutrir mais plantas, que produzem mais matéria orgânica e assim cobrem o solo, fechando o ciclo.

O estado natural da maioria dos ecossistemas terrestres é de enriquecimento, pois temos o sol como uma fonte de energia inesgotável e temos plantas para capitalizar nessa energia. Portanto, vá até sua roça e se pergunte: este sistema está se enriquecendo? Há alguma operação ou fenômeno de degradação ocorrendo (erosão, compactação do solo, aquecimento do solo)? Que ações devo tomar ou deixar de tomar para atingir o máximo potencial de enriquecimento para o meu sistema de produção?

A agrofloresta utiliza diversas estratégias para desencadear ciclos de enriquecimento na roça: estratificação de espécies, densidade de plantio, sucessão de espécies, produção de matéria orgânicain loco, poda, utilização de espécies eficientes e eficazes. Tudo com o objetivo de maximizar as taxas fotossintéticas do sistema, manter o solo muito bem protegido e alimentar a sua microbiota, garantindo um acúmulo crescente de recursos no sistema que serão revertidos para a produção de mais recursos.


Na próxima semana, vou falar sobre a importância da cobertura de solo como ferramenta para o enriquecimento da sua roça. Lei#6: CUBRA SEU SOLO, COM COBERTURA VIVA E MORTA.

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